A Arte de Curar de Paracelso

A arte de curar, de acordo com Paracelso, apóia-se em quatro pilares: a filosofia, que significa, antes de mais nada, “abrir-se ao conjunto das forças naturais, observar essas forças invisíveis na penetração da realidade total e perceber o invisível no visível”; a astronomia, que nos ensina como as estrelas nos influenciam; a alquimia, útil principalmente na preparação dos remédios e “virtus”, a honestidade do médico. De acordo com ele, o médico é a imagem primordial de uma pessoa que está se aperfeiçoando. Mais do que qualquer um, o médico deve reconhecer a ação da natureza invisível no doente ou, em se tratando do remédio, como ela trabalha no visível. 

Segundo Paracelso, imaginação e magia estão intimamente ligadas. E nesse caso magia quer dizer ação direta sobre coisas, pessoas e todos os seres, sem ajuda da matéria. Ou, expresso de outro modo: o mago é capaz de causar efeitos físicos sem ajuda física. Porque, segundo o pensamento de Paracelso, toda natureza invisível se movimenta através da imaginação. Se a imaginação fosse forte o suficiente, nada seria impossível, porque ela é a origem de toda magia, de toda ação através da qual o invisível deixa seu rastro no visível. A energia da verdadeira imaginação pode transformar nossos corpos, e até influenciar no paraíso. 

Reconheceu também que a fé fortalece a imaginação. Tudo isso inclui as curas milagrosas atribuídas a ele, que não podem ter sido somente o resultado dos remédios, em geral muito simples. É óbvio que eles serviram para influenciar conscientemente a força da imaginação de um doente. As pílulas que o médico suíço levava consigo no botão do punho de sua famosa espada foram, acima de tudo, meios de ajuda à ação mágica. Baseando-se nesse fundo filosófico, Paracelso ligou as características exteriores de um remédio com as de uma doença.

Também impressionam as “dicas” para o futuro que os escritos de Paracelso contêm. Pensamentos cósmicos estavam bem mais perto dele do que de nós, mesmo se tal pensamento hoje, já está começando novamente a ganhar terreno. Paracelso era um místico, alguém que viu a matéria penetrada pelo espiritual. Suas conclusões têm valor até hoje porque nenhum médico naturalista pode comparar-se com ele, e o fato de ele ter sido muito criticado tornou-o ainda mais interessante. Porque Paracelso, afinal, não apenas escreveu livros, mas também teve suas próprias experiências e nunca teve medo de enfrentar as conseqüências negativas de seu pensamento não-conformista. Para ele serve o ditado: “Quem consegue ser ele mesmo não deve pertencer a um outro” tanto hoje como em qualquer outra época, em que cada um corre atrás de um outro guru. 

Gunhild Porksen, tradutora de textos de Paracelso durante anos, diz que as controvérsias a respeito dele são causadas por seu comportamento grosseiro e rude. Ela chegou à conclusão de que ele era um homem de “energias especiais”. O fato é que ele sempre conseguiu entusiasmar pessoas bem diferentes como, por exemplo, Goethe em seu Fausto. Os sucessos astrológicos de Paracelso são famosos e ele, sem dúvida alguma, era um grande biólogo e um médico “total”, que entendeu muito do esoterismo. Era esotérico porque falou muito sobre o “interior” do homem e também sobre a influência das estrelas sobre os seres humanos. 

Paracelso era um homem que, como ninguém, representava o esoterismo de sua época. Da ciência à Renascença, que se entregava cada vez mais a um especialismo acentuado, ele enfatizou um “pensamento total”. A natureza era sua professora que, para ele, era perfeita porque trabalha de acordo com um grande plano divino. E a idéia de Paracelso de que corpo e alma são uma unidade é um pensamento totalmente moderno, também reconhecido, cada vez mais, como uma verdade pela medicina moderna.  

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